terça-feira, 2 de setembro de 2014

Particípio Passado

Às vezes sabe bem não viver do passado.
Esquecer tudo. Como se nunca tivesse existido.
Esquecer tudo, mesmo tudo.
Fazer de conta que não existiu, que somos assim porque somos.
Esquecer que foi o passado que nos trouxe até aqui. Que nos formou os gostos, as certezas, os vícios e aquela ridícula mania de dormirmos sempre do mesmo lado da cama.
Esquecer que o passado nos tornou mais ou menos valentes, mais ou menos confiantes, menos ou mais decididos, altruístas, extrovertidos, teimosos, preguiçosos ou mimados.
Esquecer que foi o passado que nos amoldou as ideias, os ideais, as convicções, os medos e nos fez apaixonar tantas vezes.
E desapaixonar, também...
Esquecer. Esquecer o passado.
Porque mais do que um passado, somos o princípio de um futuro. Que deverá ser livre... Sem as certezas, sem as convicções, sem a teimosia, sem as reservas, sem os ideais e principalmente sem os receios que herdámos do passado.

Vou tentar.
Vou tentar esquecer o passado.
Hoje vou dormir do outro lado da cama.

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